domingo, 14 de julho de 2013

6. PCBs — MAIS PROBLEMAS GERADOS PELOS COMPOSTOS CLORADOS

Há outros compostos clorocarbônicos que, inicialmente saudados como moléculas milagrosas, revelaram-se, como os CFCs, um sério risco para a saúde. A produção industrial de bifenilos policlorados, ou PCBs, como são mais geralmente conhecidos, começou no final da década de 1920. Esses compostos eram considerados ideais para uso como isoladores elétricos e líquidos refrigerantes em transformadores, reatores, capacitores e interruptores de circuito, nos quais sua extrema estabilidade, mesmo em temperaturas elevadas, e sua não-inflamabilidade eram enormemente valorizadas. Foram empregados como plastificantes — agentes que aumentam a flexibilidade — na fabricação de vários polímeros, inclusive aqueles usados em embalagens na indústria de alimentos, para revestir mamadeiras e em copos de poliestireno. Os PCBs foram também utilizados na fabricação de várias tintas de impressão, papel de cópia sem carbono, tintas, ceras, adesivos, lubrificantes e bombas de gasolina a vácuo. Os bifenilos policlorados são compostos em que os átomos de cloro foram substituídos por átomos de hidrogênio na molécula de bifenilo original.
Essa estrutura tem muitos arranjos possíveis, dependendo de quantos átomos de cloro estão presentes e de onde eles estão localizados nos anéis de bifenilo. Os exemplos a seguir mostram dois diferentes bifenilos triclorados, cada um com três cloros, e um bifenilo pentaclorado, com cinco cloros. Mais de 200 diferentes combinações são possíveis.


Não muito tempo depois de iniciada a fabrição de PCBs, surgiram relatos de problemas saúde entre os operários das fábricas que os produziam. Muitos mencionavam uma doença da pele hoje conhecida como cloracne, em que cravos e pústulas supurantes aparece no rosto e no corpo. Sabemos agora que a cloracne é um dos primeiros sintomas de envenenamento sistêmico por PCB e pode ser acompanhada por danos aos sistemas imune, nervoso, endócrino e reprodutivo, além de falência do fígado e câncer. Longe de serem moléculas milagrosas, os PCBs estão na verdade entre os mais perigosos compostos jamais sintetizados. A ameaça que representam reside não apenas em sua toxicidade direta para o homem e outros animais, mas, como no caso do CFCs, na própria estabilidade que a princípio os fazia parecer tão úteis. Os .,PCBs persistem no ambiente, estão sujeitos ao processo de bioacumulação (ou biomagnificação), no qual sua concentração aumenta ao longo da cadeia alimentar. Os animais que estão no topo de cadeias alimentares, como ursos polares, leões, baleias, águias e seres humanos, podem acumular altas concentrações de PCBs nas células de gordura de seus corpos. 

Em 1968, um episódio devastador de envenenamento humano por PCB condensou os efeitos diretos da ingestão dessas moléculas. Mil e trezentos moradores de Kyushu, no Japão, adoeceram — no início com cloracne e problemas respiratórios e de visão — após comer óleo de farelo de arroz que havia sido acidentalmente contaminado com PCBs. Entre as conseqüências de longo prazo incluem-se defeitos congênitos e taxas de câncer do fígado 15 vezes maiores do que as usuais. Em 1977 os Estados Unidos proibiram a descarga de materiais contendo PCB em cursos d'água. Sua fabricação foi finalmente proibida por lei em 1979, bom tempo depois que numerosos estudos haviam relatado os efeitos tóxicos desses compostos sobre a saúde humana e a saúde de nosso planeta. Apesar das normas de controle dos PCBs, ainda há milhões de quilos dessas moléculas em uso ou à espera de locais seguros para serem descartadas. Elas continuam vazando no ambiente.

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