O escocês James Young Simpson, que era médico e professor de medicina e obstetrícia na Escola Médica da Universidade de Edimburgo, desenvolveu uma forma singular de testar compostos como possíveis anestésicos. Consta que convidava pessoas para jantar e pedia-lhes que o acompanhassem na inalação de várias substâncias. O clorofórmio (CHC1a), sintetizado pela primeira vez em 1831, evidentemente foi aprovado nesse teste. Depois do experimento, ao recobrar seus sentidos, Simpson viu-se estendido no chão da sala de jantar, cercado pelos visitantes ainda comatosos. Sem perda de tempo, passou a aplicar clorofórmio em seus pacientes.
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A anestesia com clorofórmio foi rapidamente aceita para cirurgias. Alguns pacientes morriam, mas apesar disso os riscos associados eram considerados pequenos. Como a cirurgia era freqüentemente o último recurso, e como os pacientes às vezes morriam de choque durante as cirurgias mesmo sem anestésico algum, a taxa de mortalidade foi considerada aceitável. Os procedimentos cirúrgicos costumavam se realizar rapidamente — prática o que for essencial antes do surgimento da anestesia —, e, assim os pacientes não ficavam expostos ao clorofórmio por grandes períodos de tempo. Estimou-se que durante a Guerra Civil Norte-Americana realizaram-se quase sete mil cirurgias em campo de batalha com uso de clorofórmio, com menos de 40 mortes em decorrência do uso de analgésico.
A anestesia cirúrgica foi universalmente reconhecida como um grande avanço, mas seu uso no parto era controverso. As reservas, em parte, vinham dos médicos. Alguns expressavam preocupações procedentes acerca do efeito do clorofórmio ou do éter na saúde do nascituro, citando observações de contrações uterinas reduzidas e taxas diminuídas de respiração do bebê num parto sob anestesia. Estava em jogo, porém, mais que apenas a segurança do bebe e o bem-estar materno. Idéias morais e religiosas sustentavam a crença de que ao dores do parto eram necessárias e justas. No Livro do Gênesis as mulheres, como descendentes de Eva, são condenadas a sofrer ao dar à luz como punição por sua desobediência no Éden: "Parirás com dor." Segundo uma interpretação estrita dessa passagem bíblica, qualquer tentativa de aliviar as dores do parto era contrária à vontade de Deus. Numa visão mais extremada, o trabalho de parto seria uma expiação do pecado — presumivelmente o pecado do intercurso sexual, o único meio de conceber uma criança em meados do século XIX.
Mas em 1853, na Grã-Bretanha, a rainha Vitória deu à luz seu oitavo filho, o príncipe Leopold, com a ajuda do clorofórmio. Sua decisão de usar o anestésico novamente em seu nono e último parto — o da princesa Beatrice, em 1857 — acelerou a aceitação dessa prática, apesar das críticas feitas a seus médicos em The Lancet, a respeitada revista médica britânica. O clorofórmio tornou-se o anestésico preferido para partos na Grã-Bretanha e em grande parte da Europa; o éter continuou sendo preferido nos Estados Unidos.
Na primeira metade do século XX, um método diferente de controle da dor no parto ganhou rápida aceitação na Alemanha e se espalhou rapidamente em outras partes da Europa. O sono crepuscular, como era conhecido, consistia na administração de escopolamina e morfina, compostos que foram discutidos nos Capítulos 12 e 13. Uma quantidade muito pequena de morfina era administra-da no início dos trabalhos. Ela reduzia a dor, embora não a eliminasse por completo, sobretudo se o parto fosse longo ou difícil. A escopolamina induzia o sono e, o que era mais importante para os médicos que aprovavam essa combinação de drogas, assegurava que a mulher não tivesse nenhuma lembrança de seu parto. O sono crepuscular era visto como a solução ideal para as dores do parto, tanto assim que uma campanha publica promovendo seu uso foi iniciada nos Estados Unidos em 1914. A National Twilight Sleep Association publicava panfletos e organizava palestras exaltando as virtudes dessa nova abordagem.
Sérias apreensões expressadas por membros da comunidade medica eram rotuladas de desculpas usadas por médicos duros e insensíveis para conservar controle sobre as pacientes. O sono crepuscular tornou-se uma questão política, uma parte do movimento mais amplo que: finalmente conquistou o direito do voto para as mulheres. Hoje, o que parece muito curioso nessa campanha é que as mulheres acreditavam que o sono crepuscular eliminava o sofrimento do parto, permitindo à mãe acordar bem-disposta e pronta para acolher novo bebê. Na realidade, as mulheres sofriam a mesma dor, comportando-se como se nenhum medicamento tivesse sido administrado, mas a amnésia Induzida pela escopolamina bloqueava qualquer lembrança do padecimento, O sono crepuscular dava uma imagem falsa de maternidade tranquila e indolor.
Como os outros compostos clorocarbônicos discutidos neste capitulo, o clorofórmio — a despeito de todos os seus benefícios para pacientes de cirurgia e os médicos — também revelou um lado escuro. Hoje se sabe que danos causados ao fígado e aos rins, e altos níveis de exposição aumentam o risco de câncer, Pode lesar a córnea ocular, causar rachaduras da pele e resultar em fadiga, náusea e batimentos cardíacos irregulares, juntamente com suas ações anestésicas e narcóticas. Quando exposto a temperaturas elevadas, ao ar ou à luz, o clorofórmio forma cloro, monóxido de carbono, fosgênio e/ou cloreto de hidrogênio, todos eles tóxicos e corrosivos. Hoje o trabalho com clorofórmio exige roupas e equipamentos especiais, algo muito diverso da descontração reinante na época das primeiras administrações do anestésico. Mas embora suas propriedades negativas tenham sido reconhecidas há mais de um século, o clorofórmio ainda seria considerado uma dádiva divina, e não um vilão, por centenas de milhares de pessoas que inalaram de bom grado seus vapores de cheiro adocicado antes de uma cirurgia.
Não há dúvida de que muitos compostos clorocarbônicos realmente fazem papel do vilão, embora talvez esse rótulo se aplique melhor às pessoas que jogaram deliberadamente PCBs em rios, reclamaram contea a proibição dos CFCs mesmo depois que seus efeitos sobre a camada de ozônio haviam sido demonstrados, aplicaram pesticidas indiscriminadamente (seja legal ou ilegalmente) à terra e à água e puseram o lucro acima da segurança em fabricas e laboratórios no mundo inteiro.
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ResponderExcluirO fedo no colete do pastor feliciano
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Unção do palito de fogo pastor Ailt
A pessoa cai na igreja
Com o simples colocar da mão na testa
Tem pastor assopra no rosto pra aumentar efeito,ja o padre Antonell do repouso no espirito usa um ventilador atras dele,
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O movimento cai cai nas igreja